PSICÓLOGO
ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO(TERAPIA DE CASAL, FAMILIAR E INDIVIDUAL) C.R.P.
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Terapia
familiar (o que é e suas indicações)
Infelizmente nossa sociedade
individualista sabota processos coletivos que seriam de grande valia para o
desenvolvimento e saúde mental da pessoa. Nesse contexto se insere a terapia
familiar, pouquíssimo aplicada, a não ser em alguns casos de distúrbio mental
severo ou drogadicção. É uma pena que a psicologia tenha priorizado a análise
do indivíduo não levando em conta todas as vertentes que o atingem. Uma coisa é
determinado paciente contar seus traumas ou dramas familiares por anos, outra é
interagirmos face a face com todos que causaram impacto no sujeito. A primeira prescrição para a terapia
familiar é justamente esta condição: quando todos se percebem afetados por
mecanismos neuróticos que impedem seu desenvolvimento, sendo a função do
terapeuta dizimar o medo e vergonha no âmbito familiar, estimulando o livre
fluir da comunicação, analisando todos para se descobrir à base de conflito que
espelham, assim como o que há de comum no sofrimento de seus membros. Há
muito se fala da função e importância da família em todos os sentidos do
desenvolvimento da personalidade, mas se esquece que na prática do
relacionamento encontramos uma defasagem ou até mesmo indolência das partes
para interagirem.
A família é simplesmente o depositário
de vários processos sociais do tipo: competição, disputa de poder, inveja,
ciúmes dentre outros. Quem será o preferido, que membro sistematicamente se
sente excluído ou rejeitado, qual pessoa não consegue lidar com a mágoa em
relação aos genitores. Notem que o núcleo de algo que parecia servir
exclusivamente à proteção e afeto se
transforma num apêndice do que vivemos em outras relações sociais. Diria que a
família é o treino mais fiel de como uma pessoa incorpora e lida com os
mecanismos e sentimentos tanto positivos quanto negativos. A psicanálise
clássica enfocou muito a questão familiar ao tratar das primeiras relações
infantis entre pais e filhos, ou o famoso “complexo de Édipo”. Embora tal
abordagem tenha inegavelmente seu papel histórico, o impacto social de tal
visão se tornou negativa por alguns aspectos, pois há quase que um perdão ou
piedade por parte da psicologia por quem sofreu determinado trauma ou rejeição,
se esquecendo da imperiosidade de lidar com a satisfação e prazer da
atualidade. O projeto psicológico deveria se ater principalmente no porvir.
Outro ponto curioso é que se colocou como algo um tanto não ético se atender
dois ou mais membros de uma mesma família. Sempre deixo claro que o resguardo
da ética não é apenas tarefa do profissional, mas também dever do paciente não
relatar coisas ou intimidades para pessoas desprovidas da capacidade de visão
perante determinado contexto, e manter também o sigilo mesmo em relação aos
outros membros da família.
O
ponto que poucos perceberam é que quando a família se perde ou bloqueia sua
função afetiva e sentimental, o espaço da mesma se transforma numa espécie de
“hotel”, apenas acomodando os princípios básicos de moradia, alimentação ou
higiene. Praticamente ninguém discute entre si ou com os
filhos as obrigações coletivas entre membros que vivem juntos no tocante a
forma como se relacionam. Há décadas o maior erro possível é a conversão para o
lado material, se alimentando todas as vontades dos filhos, para compensar a
ausência ou deficiência no plano pessoal. Priorizar o materialismo é bloquear a
capacidade de relacionamento e gosto por conviver livremente, sem nada em
troca. A família moderna corrompe a
criança desde cedo, subornando-a naquilo que tem de melhor; o amor puro, ensinando
rapidamente a troca natural por
interesse. Tal fato se repete na educação, dando presentes por boas notas;
os pais devem passar a mensagem que a criança está estudando para ela, não para
agradar os mesmos, ou angariar vantagens e barganhas; sendo antes de tudo seu
futuro, garantia de sobrevivência e principalmente independência. O leitor irá
se perguntar o que todos esses conceitos até moralistas de certa forma têm em
comum com a questão da psicoterapia familiar. A criação de um espaço de reflexão
e debate é fundamental em qualquer processo terapêutico ou educacional. A
mudança só advém na troca de opiniões ou conflito positivo entre as partes
evolvidas num convívio diário.
A educação e mesmo a família devem ser a
ponte do privado para o público, e é exatamente neste ponto que surgem os
entraves psicológicos. Um dos mais apavorantes em nossa era é com certeza a
timidez, sendo uma espécie de escudo contra situações de prova ou rejeição. O
*tímido desafia por completo sua obrigação para o convívio social, sabotando
oportunidades de encontro ou interação. Uma das funções da psicoterapia
familiar é atuar de forma enérgica contra a timidez, estimulando que a pessoa
acometida de tal distúrbio perceba o mal que causa a si própria e para o outro
perante a retenção de seus afetos. A família deve lutar contra a tendência ao
isolamento de algum membro, sendo a terapia um suporte para isso. Desejar que o outro pudesse sempre mostrar
seu afeto talvez seja uma das muitas definições para o que se chama de amor.
Um dos maiores entraves para a aplicação de medidas pedagógicas ou limites
fundamentais é sem dúvida o problema da culpa. Tal sentimento é o maior inimigo
da educação no sentido profundo, pois é a entrega do poder dos pais para a chantagem
emocional da criança. Se um pai não sabe
dosar a hora de mostrar sua compaixão, a utilizando indiscriminadamente, sem
dúvida alguma o mesmo perdeu o referencial de liderança para o pleno
desenvolvimento da criança, e esse é um fato gravíssimo.
Outro ponto que me causa espanto no
decorrer da terapia familiar é como os membros desconhecem por completo a
reprodução de comportamentos ou atitudes idênticas às de seus antepassados.
Quando uma criança expõe determinado medo ou trauma, logo em seguida o genitor
se dá conta de ter passado pelo mesmo processo na mesma época ou idade da
criança. Tem se atribuído tal fenômeno a uma característica mental hereditária,
o que do ponto de vista psíquico é totalmente incorreto. Diria que a coisa está
mais para aspectos parapsicológicos, que certamente serão estudados num futuro
próximo; é como uma espécie de (P.E.S)- percepção extra sensorial, ativada na
criança não apenas pelo convívio com os pais, mas uma forma inconsciente desta
revelar que o conflito dos mesmos ainda continua vivo e necessita ser
trabalhado; o problema é que tal ajuda da criança pode lhe custar uma neurose
para o resto de sua vida; assim sendo, os pais deveriam ficar atentos para essa
questão. Obviamente não se trata de se tornar paranóico, até porque aquele tipo
de pai que consome todo tipo de manual de como acertar na educação é justamente
o que muitas vezes comete várias faltas. O espaço para o erro faz parte da
construção da personalidade, sendo que todos têm de lidar com suas questões
falhas ou incompletas.
A questão do homossexualismo detectada
em um membro da família é outro ponto central para a prescrição da psicoterapia
familiar. É interessante como tal condição afeta muito mais os familiares do
que o indivíduo que se descobre e se assume como homossexual. A angústia e
aflição nestes casos chegam ao auge, sendo que os pais vão à terapia para saber
“em que pontos erraram”. Temos de ser sinceros ao descrever que uma condição
homossexual trará certamente preconceito numa sociedade como a nossa, mas o
desespero em alguns casos diz muito mais da própria infelicidade dos pais no
âmbito afetivo. Que a sociedade não gosta ou segrega as diferenças todos sabem,
mas outra coisa é se lamentar ou iniciar uma cruzada para impedir que alguém
tome um rumo diferente. A imposição neste quadro não é de forma alguma uma
preocupação sadia com o membro que escolheu tal caminho; não podemos nivelar
processos distintos, tratando o homossexual como se fosse um drogado; aliás, já
ouvi centenas de vezes que determinados pais prefeririam tal condição à
homossexualidade, não é incrível como a vergonha se transforma na mais
arrogante ditadura?
A terapia de casal muitas vezes acaba se
transformando na terapia familiar, principalmente quando os filhos refletem
comportamentos diários equivalentes aos dos genitores em sua relação conjugal. Que
a criança espelha os pais é óbvio, até em pontos inconscientes como pontuei
acima, mas permitir que a mesma “brinque” com emoções que possam lhe
traumatizar é no mínimo uma espécie de violência contra a mesma. Os casais de
hoje se perguntam até que ponto pode ou não se discutir o relacionamento na
frente dos filhos, e que impacto advém de tal atitude. Não há uma regra
determinada para o que pode ou não ser dito; é tão nocivo ficar brigando
corriqueiramente perante uma criança, quanto àquele casal que nunca mostra a
parte do ser humano falível, criando um ambiente familiar ficcional, que
contradiz a própria estrutura social, não mostrando que o mundo também é
composto de elementos de extremo conflito. Não
é apenas a forma como se discute que pode abalar uma criança, o trauma ocorre
quando a mesma já anteviu a morte do relacionamento, ou sua continuidade apenas
por imposição social, sendo a própria criança instrumento dessa cruel condição
afetiva. Nenhuma criança em nossa
atual sociedade é tola, todas percebem claramente o ponto de exaustão da
relação. Quando a mesma insiste que os pais permaneçam no relacionamento apesar
da gritante incompatibilidade, fica claro está tomada pelo desejo ou vício de
experimentar as mais profundas sensações ou emoções negativas, como o ódio, por
exemplo. Sobre tal infortúnio a tradição cristã inexplicavelmente não se
posiciona. A criança apenas se sentirá traída quando a separação significar
desistência de um ou ambos perante um processo que poderia ser resgatado,
quando se fracassou numa tarefa ainda incompleta, mas que por medo seus atores
interromperam a vivência prematuramente.
Enfim, a função primordial da terapia
familiar não é impor ou julgar nenhum conceito ou traço moral, mas ajudar os
pais a transcenderem papéis básicos, lhes mostrando que proporcionar conforto,
satisfazer as necessidades básicas dos filhos ainda é incompleto, mas mostrar a
dicotomia afetiva e emocional, assim como as decepções e perdas são
fundamentais para a arte de viver. Quanto aos filhos, o melhor que a terapia
pode fazer é desobstruir as diferentes travas que impedem o pleno
desenvolvimento de suas potencialidades.
Site baseado na experiência clínica do
autor.
Agradecimento ao doutor em sociologia:
IRINEU FRANCISCO BARRETO JÚNIOR.
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AUTORIZAÇÃO DO AUTOR.
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ESTUDOS SOBRE A TIMIDEZ.