PSICÓLOGO
ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO- ADULTOS(TERAPIA DE CASAL E INDIVIDUAL)- RUA
ENGENHEIRO ANDRADE JÚNIOR 154- TATUAPÉ- SÃO PAULO- SÃO PAULO- FONES: 66921958/
93883296
mailto:antoniopsico1@hotmail.com
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PSICÓLOGO OU PSIQUIATRA (ANÁLISE DE COMO
ESCOLHER O PROFISSIONAL ADEQUADO)
Um tema bastante simples e ao mesmo
tempo complexo, pois além da importância vital do trabalho multiprofissional,
não podemos também nos esquecer dos limites de cada área. Para esclarecer os
leigos, o psiquiatra tem uma formação médica e está apto a fornecer medicação
no alívio da sintomatologia neurótica e psicótica. O psicólogo usa técnicas
psicoterapêuticas que são o diálogo e análise profunda das causas e metas para
vencer a enfermidade. O problema de ambas as ciências não passa apenas por uma
maior integração, mas, diria que o psiquiatra é mal formado no tocante à escuta
do paciente, enfocando principalmente a medicação, e o psicólogo muitas vezes falha na emergência do problema ou alguma
atuação que melhorasse as condições de crença da pessoa no próprio tratamento.
A formação de ambas é totalmente falha, a psiquiatria pelo excesso de medicação
citado, e na psicologia devido talvez a grande influência da escola
psicanalítica nas faculdades, priorizando um tratamento muitas vezes demasiado
longo que não corresponde às emergências do paciente. Não estou aqui priorizando a psicoterapia breve, mas nenhum paciente se
submeterá à psicoterapia sem perceber a capacidade imediata do profissional de
combater seu núcleo neurótico, ao mesmo tempo em que o próprio paciente tenta
preservá-lo. Como disse acima o psiquiatra carece da escuta e o psicólogo às
vezes parece que só sabe fazer tal
coisa.
Nos primórdios da psicologia era vital a
descoberta até mesmo teórica das causas e origens do conflito neurótico. Na
atualidade a saturação da mídia faz com que boa parte das pessoas tenha plena
ciência da origem de seu distúrbio ou histórico do mesmo. No passado podemos dizer que o sofrimento era fruto da ignorância, hoje
pelo exposto chegamos à conclusão que não é o saber que faz a diferença, mas a
total falta de ânimo para alterar determinada ação ou comportamento, sendo que
este desânimo é o inimigo máximo a ser combatido na psicoterapia. A ajuda
sempre deve levar em conta determinada ação ou tarefa do paciente, pois o mesmo
sempre tem a noção exata do que é importante, mas infelizmente muitas vezes
omite essa informação para o terapeuta. Deve-se também combater o infantilismo,
que nada mais é do que uma proteção exagerada em vista do infortúnio ou
sofrimento que se carrega. A hipervalorização da dor há muito é regra em nossa
sociedade, atraindo todos os dividendos da atenção e cuidado do meio.
É fundamental também a atitude aberta do
paciente para aprender seja do psicólogo ou do psiquiatra. O orgulho e teimosia para se resolver sozinho ou esconder o problema
ainda é a maior trincheira contra a cura ou evolução. A grande lição de
qualquer tipo de tratamento é assimilar o processo de contradição ou a própria
dialética de nosso padrão emocional. Assim como boa parte das pessoas não
possui uma autoconfiança satisfatória, outros excedem o limite para a mesma,
afastando críticas alheias vitais para o seu crescimento, afora que o
isolamento que uma autoconfiança exacerbada provoca cedo ou tarde fará com que
o sujeito incorra em erro, raiva, mágoa e toda gama de sentimentos negativos.
Não há um padrão específico que defina
que determinado caso deve ser da psicologia ou psiquiatria; na verdade boa
parte das pessoas necessita de ambas, principalmente nas dissociações
psicóticas, drogas e outras situações de extremo stress. Mas para a pessoa
neurotizada qual seria a intersecção de ambas as ciências ou a melhor forma de
lidar com seu problema? Sem dúvida alguma
é uma resposta extremamente difícil, acentuaria que o divisor de águas é a
questão da comunicação. Para a pessoa que não se expressa seja pela timidez ou
amargura, fatalmente o trabalho da psicologia fracassará. Não se trata de dizer
que um sujeito que não fala em terapia deve imediatamente freqüentar o
psiquiatra, mas o ponto chave é o estabelecimento do vínculo, que só pode se
dar através da fala obviamente. Mas o leitor irá teimar na questão de que
determinada pessoa que não se comunica deve tomar medicação? O problema é que
não há o que fazer quando a pessoa adentra na relação psicológica uma espécie
de jogo ou exigindo um interrogatório por parte do terapeuta; a mesma já tem
plena consciência de seu bloqueio interpessoal e de como está aquém das expectativas
de um bom relacionamento. A análise de tal conduta é seu ódio internalizado e
como despreza os contatos humanos, priorizando seu narcisismo e condição
diferenciada através da doença. A tranqüilidade profissional neste ponto é
fundamental, pois o terapeuta deve lidar a todo o instante não só com a perda,
mas também com a frustração de que sua conduta é ineficaz com determinado tipo
de pessoa. Seria maravilhoso termos pacientes corriqueiramente que preenchessem
por completo nossas ambições e expectativas profissionais. Infelizmente não é
bem assim que ocorre diariamente, sendo o máximo desafio profissional.
É bem verdade que nunca sabemos qual
seria a via mais sólida para a cura (disciplina, motivação, medicação), enfim,
o problema é sempre o início. Tem de haver um projeto psicológico e
psiquiátrico que foque na primeira fase de resistência perante ambos os
tratamentos. O próprio paciente tem de desenvolver a capacidade de achar uma
resposta entre as duas vertentes para seu tratamento. Muitos dos que recorrem à medicação, abriram mão da capacidade da
tentativa de controle pessoal, delegando à química uma força suprema para obter
o que não se consegue corriqueiramente. É interessante a anuência para que o
remédio cumpra funções muitas vezes comportamentais. Na psicologia a grande
dificuldade é o conflito interpessoal entre analista e paciente, já que na
maioria das vezes a tônica deste é a fuga, mentira e preservação da dor como
citei anteriormente. Há também um erro
clássico de diagnóstico nas duas áreas freqüentemente. Não se pode obtê-lo
apenas pela reunião ou superposição de sintomas, se esquecendo do caráter e
conduta do paciente. Por caráter se entende o conjunto das manifestações
emocionais, afetivas e ideológicas que formarão o núcleo de seu contato com o
meio, podendo se dar através de uma conduta solidária, humana e aberta, ou
então egóica e tímida.
Voltando a questão do diagnóstico, o
erro mais comum geralmente se dá no tocante ao problema da depressão. Esta
última assim como o stress engloba várias manifestações. O erro é desconsiderar
a atitude do paciente perante os fatos do dia a dia. Se tiver a tendência ao
isolamento, não partilha seus sentimentos, recusa atividade social, o
diagnóstico
jamais será depressão ou fobia social,
mas a timidez certamente, tornando um mistério sua vida pessoal para os outros,
adquirindo dessa forma um poder ficcional e que representa prejuízo para a
pessoa e seus familiares. O mais incrível é que a mesma assola
contraditoriamente pessoas que possuem um bom casamento, filhos, mas as mesmas
insistem em lançar mão de seu mecanismo inconsciente que diz que não podem
desfrutar de tais coisas na sua essência. A timidez ainda esconde um lado
mórbido de fuga de situações de prova ou teste, trocando o desafio pelo infortúnio
da doença, como dizia *ALFRED ADLER. A história da própria loucura sustentou
todos os ditames psiquiátricos. Temos de ter uma mínima consciência social e até
política para percebermos o modismo da doença no decorrer dos tempos. Assim
como o surgimento da psiquiatria se deu pela loucura citada, vemos hoje na
incandescência da depressão, um disfarce da timidez muitas vezes como alvo
central de dita ciência. Estranho é tal
fato, pois quase nunca se coloca que o grande dilema humano na era moderna é
nunca priorizar o pessoal, sendo que amor, afetividade e compaixão se tornaram
subprodutos, apêndice ou uma diversão desdobrada dos ganhos econômicos. Na
verdade falta uma absoluta coragem em ambas as ciências para se destrinchar o
cerne da questão; amar, se divertir, um final de semana de prazer, enfim, as
coisas gratuitas da vida mas que trazem as maiores recompensas, porém, é
absolutamente ignorado por não trazerem um lucro imediato dentro da perspectiva
de posse do sistema econômico. A neurose reflete no plano micro a política
vigente de não priorizar o prazer do indivíduo.
A grande questão seria fazer o traçado
de como uma determinada desordem psíquica assola o indivíduo. Rotina,
experiências frustrantes, repetição de eventos dolorosos, falta de crença pessoal
na mudança (definição exata de falta de motivação). A verdade é que devemos trabalhar para termos dignidade perante os
ataques incessantes de nosso inconsciente. Todos deveriam analisar sua história
pessoal, principalmente no tocante à contenção ou bloqueio de seus verdadeiros
afetos ou desejos. A estrutura da doença mental pode se dar pela associação
de hábitos ao conteúdo mental mórbido (rotina citada que produz o transtorno
obsessivo compulsivo, experiência máxima de insatisfação ou sofrimento que faz
com que a pessoa renegue o plano mental em que vive, abrindo as portas para a
esquizofrenia; impedimento no acesso à afetividade e sexualidade, provocando a
timidez e desastres afetivos na história dos relacionamentos do indivíduo).
Se no plano concreto da vida do
indivíduo não há uma constância de prazer ou satisfação, sempre haverá uma
porta aberta ou convite para a exploração do caos psíquico ou desordem na arte
de viver. Para FREUD não havia nada além do princípio do prazer buscado, exceto
a morte ou retorno ao inanimado; porém
essa morte pode se dar em vida, na paralisia dos afetos, solidão, falta de
companheirismo e ausência do prazer em compartilhar. Outra questão prática
entre ambas as ciências é que a psiquiatria sendo derivada da medicina serve
como instrumento eficaz na situação de extrema emergência ou dano psíquico
severo, não descartando também o aspecto preventivo desta. A psicologia não deve ser encarada de forma infantil como treino
mental, mas simplesmente o dever de ter de trabalhar o lado mais íntimo e
pessoal, caso contrário nossa alma padece ou se torna putrefata, pois apenas
sobrará espaço para a competição e o lado material. O ponto chave é como
lidar com uma mente que sonha o tempo todo com o prazer e desejo, mas ao mesmo
tempo é plenamente bombardeada pela frustração, rejeição, negação, carência e
privação. O eterno duelo dos opostos é arena constante para o estudo de ambas
as áreas (desejo de poder, inferioridade, narcisismo, falta de valor próprio,
vaidade, descuido). O que realmente o indivíduo pode alcançar ou obter,
dissecando sua personalidade, isto sim é a ajuda terapêutica.
A
questão do poder nas duas áreas é curiosa. O médico não sabe como usá-lo,
ficando muitas vezes em conceitos genéricos e globais (melhore sua qualidade de
vida, viaje); e o psicólogo carece desse poder perante o paciente não apenas
pela desconfiança, mas pela resistência do indivíduo em aceitar novas condutas.
Fala-se também em erradicar o sofrimento, mas também ouvimos centenas
de vezes que devemos aprender a conviver com o mesmo. O fato é que seria vital
estabelecer o limite do tempo. Quando a pessoa poderia transpor determinada
barreira? O que é estar preparado e aceitar as conseqüências de determinada
mudança? Quando o terapeuta tem o direito de lembrar a curta existência do
indivíduo para que o mesmo apresse seu caminho de transformação ou confronto
com si mesmo? A chave jamais passa necessariamente por cura ou esperança, mas,
sobretudo não cair num esgotamento ou rotina que danifiquem a motivação para
novas descobertas e projetos. A repetição pode trazer um sentido de segurança e
conforto espiritual, mas ao mesmo tempo erradica a centelha de alegria e
renovação dentro de cada um de nós. Há muito que tenho falado que em nossa era
uma das principais torturas psicológicas é sem dúvida alguma a questão do
tédio, pouco estudado ou observado pela ciência, talvez até porque a mesma
esteja contaminada por tal fenômeno.
Na medicina a medicação visa combater
doenças ou aumentar a resistência do organismo. Na esfera psicológica deveria
seguir o mesmo traçado; quando o psiquiatra constatar a completa desistência do
indivíduo perante seu potencial ou determinado conflito, e não apenas medicar por o paciente ter pedido ou simplesmente por
hábito profissional. A psicologia certamente deve se encaminhar mais para o
apoio, amizade e companheirismo para a superação de vivências dolorosas,
repetitivas e viciosas do paciente. O
ponto é fazer terapia não somente porque se está mal ou triste, mas usar da
energia criada na relação terapeuta-paciente para executar revoluções pessoais
e comportamentais. Se pensarmos no eixo básico da psicologia, a mudança,
teremos de discutir a questão da cobrança, embora pareça um tanto contraditório
unir ambos os conceitos. O falar livremente
durante a sessão sem a intervenção básica do terapeuta leva sem dúvida alguma à
manutenção e sobrevivência do conflito neurótico. Somente permanecer no
conceito pífio da liberdade e autonomia para o indivíduo não garante em
hipótese alguma a transformação. Claro que não estou pregando o autoritarismo,
mas que a verdadeira relação de troca e cura implica deveres e obrigações de
ambas as partes, não podendo se esconder num tempo prolongado de fala ou espera
perante determinado conflito.
É
fundamental se iniciar um novo conceito de observação terapêutica. Por um lado
pessoas carentes, excluídas, sem nenhuma motivação ou esperança, e de outro
como disse acima, àqueles que não conseguem enxergar ou aproveitar
profundamente o que está à inteira disposição. Em ambos os
casos é como se nada realmente existisse, criando um vácuo ou vazio que drena
totalmente a energia do indivíduo, permanecendo eternamente num conflito em que
nem ao menos sabe sua origem ou causa. A priorização do sofrimento obviamente
afasta o compromisso e possibilidade de troca. O problema aqui novamente passa
por um aspecto político e social, sendo que a mente é afetada totalmente pelo
sistema em que vivemos. Como gerar um vínculo ou amor profundo, quando a lei
máxima é colecionar apenas o maior número possível de coisas? A ambição
logicamente está totalmente presente e ao lado da maioria das relações
afetivas, e seu comércio, digamos assim, é totalmente veneno para a própria
sobrevivência da relação. Aos que duvidam, pensem na infidelidade ou traição
conjugal quando não haveria em hipótese alguma motivo para tais finalidades. É extremamente estranho que a ambição é
apenas no tocante à aquisição de novos objetos materiais e não na melhoria e
exploração profunda daquilo que se conquistou. A neurose do colecionador ou
espírito consumista de nossa era há muito tempo como uma espécie de vírus ataca
o namoro, casamento ou qualquer tipo de relação que possa se tornar sólida.
Esta verdadeira neurose moderna começa com crises de angústia e tédio perante a
rotina do dia a dia ao lado do companheiro. Em contrapartida vai se formando
uma espécie de desejo de liberdade ou vivenciar novas etapas, o que é
totalmente ilusório, pois a própria pessoa sabe de antemão que tal desejo não
tem consistência. Isto é mais uma vez outra definição na prática do que vem a
ser a timidez ou economia dos afetos, sendo que há a recusa de se investir no
próximo, se fechando totalmente num mundo fantasmagórico.
É interessante o debate ou a insistência
perante a questão da medicação no sofrimento psicológico. Alguns insistem na
tese de que não aceitar o remédio é uma espécie de resistência perante a
doença. Apenas saliento um fato curioso e novamente de cunho político na esfera
da saúde. O porque do não desenvolvimento de remédios definitivos ou mais
eficazes nas doenças crônicas (diabetes, câncer, por exemplo), e toda a
balbúrdia para se tomar medicamentos nos distúrbios psíquicos. O fato é que nas
doenças crônicas o paciente é obrigado a conviver com seu problema e aceitá-lo;
já na questão mental há contraditoriamente a resistência ao mesmo tempo em que
se promete a cura pelo remédio. A síntese da questão não é somente o aspecto
econômico do lucro pelo remédio da suposta doença mental, mas, que o paciente
enfermo de transtorno psicológico é totalmente sensível, suscetível e não
preparado para conviver com a enfermidade, aí jaz a volúpia de medicar. Mas esse medicar é realmente alívio e
esperança de mais paz, tranqüilidade e felicidade ou simplesmente é uma via
para abafar o lado queixoso da pessoa?
Sempre foi função da psiquiatria
catalogar minuciosamente os distúrbios, tentando traçar um diagnóstico preciso
ou que atinja o núcleo da enfermidade. Paralelamente os movimentos antipsiquiátricos
insistiram nos malefícios dos rótulos. Já a psicologia consiste no debate de
estratégias, caminhos e direções que levem o paciente a romper sua rotina ou
status de desilusão. Posso afirmar com o
máximo de precisão que a medicação deve sempre vir acompanhada pela descoberta
psicológica e análise dos motivos dos
sintomas psicossomáticos, caso contrário à mesma se torna um elemento de
resistência não somente à cura do indivíduo, mas irá perpetuar a dependência em
todos os graus possíveis. Como já se sabe há mais de um século todo
sintoma contém um sinal de alerta seja de privação ou insatisfação do indivíduo
perante determinado prazer não efetuado ou tarefa evolutiva que se recusa a
cumprir. É extremamente interessante como o medo perverte quase que totalmente
a percepção. Determinado sintoma psicossomático nunca teve em sua gênese o
alerta de risco de vida para a pessoa, embora a mesma saia desesperada a
procura de baterias de exames para se certificar de sua saúde; infelizmente os
médicos não têm o preparo adequado para lidar com tal situação. O sintoma pelo contrário, usa o corpo para
falar de uma mente em dívida, sofrida, constrangida e carente na parte
emocional e da insegurança em relação à não ter alguém que se preocupe e cuide
do indivíduo.
Pensemos na questão da sensibilidade,
outro item desprezado por ambas as ciências. Não é interessante e curioso notar
como numa sociedade tão insensível econômica, afetiva e socialmente o oposto, a
sensibilidade exacerbe sua energia no corpo ou sintoma? Não se trata apenas do
preço a ser pago pela falta de solidariedade ou preocupação com o outro; mas que uma estrutura totalmente
individualista reforça precisamente a concentração da energia citada somente no
individual, no corpo, na contenção de um sofrimento constantemente amplificado,
mas que o indivíduo terá a certeza e irá desejar que apenas ele possa sentir
tal tormento. O regozijo máximo da dor é sua sacralização não apenas encobrindo
as causas do problema, mas a permanência solitária na mente do indivíduo de um
sofrimento incessante, sem sentido, que vence todas as barreiras, seja remédios
ou outras técnicas psicológicas. Sofrer não é apenas o gozo de que todos falam
de chamar a atenção, mas uma espécie de núcleo de poder onde a pessoa se sente
completamente diferenciada, a partir do momento em que vicia seu ambiente a lhe
proporcionar constantemente cuidados redobrados.
Antigamente doença mental ou distúrbio
psicológico era o mais genuíno grito de protesto contra a repressão da
sexualidade e afetos. O corpo secretamente achava insuportável viver sem
desfrutar das sensações de prazer para o qual havia um aparato não usado. Hoje
assistimos no núcleo dos distúrbios uma rebeldia para combater a monotonia e
tédio, porém, contraditoriamente a doença ou sintoma se tornou um hábito que a
pessoa não consegue se desvencilhar. A rotina enfadonha de um sistema que
apenas prioriza a competição e disputa de poder se torna incessante, invadindo
por completo a pessoalidade e valores da pessoa. Todos perceberam que jamais
haverá sossego, relaxamento ou férias, embora trabalhem para esse sonho. Muito
pelo contrário, a cada dia, novas imposições, preocupações e tarefas se impõe
adiante da tranqüilidade e capacidade inata de amor e doação do ser humano. A
doença moderna acompanha sistematicamente o preço da ambição, sem desejar
inferir aqui nenhum cunho ideológico. O que falta responder é o que realmente é
a paz de espírito ou felicidade tão buscadas e nunca encontradas, quer seja a
situação econômica ou emocional da pessoa. A
ilusão sentencia o ser humano a uma compulsão sem nenhuma retribuição concreta.
Quanto maior a habilidade do
profissional, mais fácil irá perceber que o mais importante é a atitude do
paciente perante seu sofrimento psicológico. Tomar medicação, se é que realmente é necessário, mas tendo a certeza de
que a mesma jamais foi ou é o caminho
para a cura, mas servindo somente para destravar determinada barreira, sendo
que o paciente não pode nunca se esquecer de sua tarefa primordial de
investigar e atuar na raiz da questão que levou a todo o seu dano pessoal. São extremamente escassas
as lentes que a sociedade nos oferece para visualizarmos o sentido da vida. Se
a psicologia ou psiquiatria não elaborarem um esforço nessa área, ficando
tolhidas em seu corporativismo inútil, a única coisa que restará como guia da
maioria das consciências será a competição e dinheiro, como falei durante o
texto, que já tomaram todo o espaço, ou então o fanatismo e radicalismo
religioso que tem como meta a discriminação e ajuste da mente a um projeto de
vida medieval. Enfim a tarefa das duas ciências não é salvaguardar a dor, mas,
precisamente verificar porque o tão alardeado prazer pode se tornar nefasto;
porque o amor, carinho e companheirismo sempre fracassam nos relacionamentos; e
por fim, porque de tanta instabilidade nos sentimentos. O estudo profundo dos
processos mentais passa necessariamente por uma observação minuciosa das
conseqüências que uma situação de stress produz na pessoa. A mesma sente a dor,
sofrimento ou incômodo, mas o mais impressionante é a característica de
amplificação de dito fenômeno. A mente sempre irá insistir no bloqueio e medo
oculto ou não do sujeito, pois sua meta assim como na biologia será sempre a
reprodução. Um dos maiores setores de autoconhecimento é a percepção desta
necessidade de repetir, independentemente do cunho moral e ideológico que um
comportamento pode causar. A mente pode ser implacável com a dor da pessoa ou
suas conseqüências, muitas vezes só o que lhe interessa é multiplicar o que foi
vivenciado, produzindo um padrão de comportamento neurótico.
Pensemos no conceito psicológico do
apego à família. Tirando todas as teorias acerca do Édipo ou sexualidade
infantil apregoadas pela psicanálise, o fato é que ainda é um tabu lidar com a
raiva e o ódio que a proximidade do contato produzem. Impressiona não
encontramos novamente um projeto da psicologia ou psiquiatria acerca do tema,
então acho que fica claro que a coisa mais fácil deste mundo tanto no plano
biológico quanto psicológico é adoecer. E como se lucra com as enfermidades. O
fato central é que o indivíduo precisa concretamente dar uma parada, sentar,
refletir acerca de todas essas noções, sem achar que está sendo doutrinado, mas
perceber que todas as palavras usadas aqui têm o intuito de convidá-lo a galgar
uma outra postura ética, pessoal e mental acerca dos desafios da existência e
convivência. Enfim, o desafio supremo é obter um pouco mais de satisfação.
Site totalmente desenvolvido pela experiência clínica do autor.
SÃO PAULO, 23 DE OUTUBRO DE 2006
*Pioneiro na psicologia social, primeiro
colaborador de FREUD e também o primeiro a romper com as idéias psicanalíticas.